Perinatal: conceito e saúde mental.

Ter um bebê é algo muito empolgante para muitas famílias. No entanto, o período perinatal pode ser bem mais desafiador. Isso porque enquanto as mulheres fazem vários exames físicos, sua saúde mental acaba ficando esquecida. E muitas mamães acabam sofrendo em silêncio por condições que passaria melhor com apoio profissional e que, muitas vezes, não sabem identificar.

Mesmo cercada pelos cuidados do pai do bebê, de amigos ou familiares, toda mulher pode ficar exposta a situações desafiadoras no período perinatal, dificultando a criação de laços afetivos com a criança, o que impacta seu desenvolvimento sadio.

As pessoas que estão no entorno da mulher e o bebê durante esse período devem ficar atentos para identificar quando algo não vai bem para apoiar a mamãe e buscar, com ela, um profissional para ajudar nesse momento. O apoio correto conseguirá deixar a mãe no centro do cuidado, e não somente o recém-nascido, apoiando-a de maneira saudável.

O conceito de período perinatal

O período perinatal é o período entre estar grávida e até um ano após o parto. Ele envolve o pré-natal, parto e pós-parto (ou puerpério). Nessa fase, observa-se a mãe e o feto afim de identificar condições que possam afetar o parto, tanto quanto a saúde da mãe, quanto do bebê, do ponto de vista físico e psicológico. Estes acontecimentos são estudados e tratados por um ramo da medicina chamado Perinatologia. Veja:

  • Pré-natal significa ‘antes do nascimento’
  • Pós-parto significa ‘após o nascimento’

Não há palavra certa ou errada para descrever o tempo em torno da gravidez e após o nascimento. Mas alguns especialistas preferem assumir o perinatal como o período entre as 20 primeiras semanadas de gestação e até o corpo da mãe voltar a ser o que era antes da gestação. É como se o período perinatal englobasse toda a passagem dessa mulher pela experiência do nascimento de um filho.

Cuidando da saúde mental da mãe

Noites mal dormidas, muito cansaço e alterações hormonais podem deixar a mãe bem sensível no período perinatal. Olhar-se no espelho e ver as diferenças no corpo, o acúmulo de sono e cansaço geram fadiga extrema e, somando-se a isso, a responsabilidade de ter de cuidar de uma nova vida podem gerar transtorno de ansiedade, episódios de baby blues ou até mesmo depressão pós-parto.

Algumas mulheres terão doenças de moderadas a severas, que precisarão de apoio de especialistas. Por isso o período perinatal é um período que requer muita atenção de todos ao redor da mãe, de sua rede de apoio. Assim que identificarem algo que possam estar prejudicando seu bem-estar, o ideal é procurar apoio de uma terapia perinatal.

Importância da psicologia perinatal

A psicologia perinatal começou a ganhar espaço no Brasil a partir da década de 70. Os profissionais dessa área atuam auxiliando mães com dificuldades pré e pós-parto, e também bebês que apresentem alguma dificuldade já na primeira infância.

Segundo a OMS, dentre todas as fases da vida da mulher, é no período perinatal que ela está mais propensa a desenvolver alterações emocionais sérias, que podem resultar até mesmo em doenças mentais.

Assim sendo, a psicologia perinatal é de extrema importância e deve ser vista como parte fundamental da vida da mãe e do bebê no período perinatal.

Diferença entre baby blues e depressão pós-parto

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, 25% das mães brasileiras passam por episódios de baby blues ou mesmo depressão pós-parto. Mas você sabe a diferença entre essas duas situações?

  • O baby blues é um quadro de infelicidade generalizada com alterações de humor, e não é uma doença propriamente dita. É um período marcado por melancolia extrema da mãe, logo após o parto, e pode apresentar medo de não conseguir cuidar do bebê. Até pais podem sentir-se assim durante os primeiros dias de vida da criança, por não estarem adaptados a paternidade e o que isso acarreta.
  • Já a depressão pós-parto caracteriza-se por ser mais grave e precisar de tratamento rigoroso, em muitos casos. Aqui a mãe se vê em tristeza profunda persistente, com pensamentos repetitivos que podem causar mal a si e até mesmo ao bebê. Nesses casos a intervenção de uma psicóloga perinatal é ainda mais recomendado para o tratamento, que deve começar quanto antes.

Como você pode ver, o apoio perinatal precisa ser discutido e conhecido por todos, pois não se trata de observar e acompanhar somente os aspectos físicos da mãe e da criança, nem tampouco esse apoio perinatal emocional é recomendado somente em casos de gestações de risco, gravidez provinda de abuso, tratamento de fertilização, depressão pós-parto etc. Mas como dissemos anteriormente, todas as mulheres estão propensas a enfrentar um período turbulento durante a gestação, parto e pós-chegada do bebê.

A saúde mental é muito importante e qualquer desconforto prolongado e repetitivo não pode jamais ser deixada de lado, para o bem da mãe e do desenvolvimento infantil da criança.

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