O que é alienação parental.

Relações humanas são complicadas e a alienação parental x abandono é fruto de uma relação ruim entre um ou mais adultos em um relação. Uma situação da qual a criança não tem nenhuma culpa, mas acaba ficando no meio do “fogo-cruzado” e sendo a principal prejudicada.

A alienação parental acontece quando um adulto utiliza-se de seu vínculo com a criança para manipulá-la ou induzir sua opinião a respeito de um de seus genitores (pai ou mãe). Além de ser uma forma de abuso emocional, o assunto é tão sério que o Projeto de Lei 2354/22 altera a Lei de alienação parental para serem punidos com prisão de 3 meses a 3 anos os responsáveis por ação ou omissão que permita a alienação parental.

A alienação parental é uma dinâmica familiar particular que pode surgir durante o divórcio, quando a criança se torna excessivamente hostil e rejeita sempre um dos pais. Essa hostilidade pode envolver dinâmicas muito ruins sobre as quais advogados e juízes de varas de família devem estar atentos.

Sinais de alienação parental.

Quando há alienação parental a criança dá sinais muito claros de que algo está acontecendo. Esses sinais podem ser investigados e, se comprovada a alienação, é preciso que os advogados da parte alvo peçam a revisão de guarda da criança. São eles:

1. A criança expressa um ódio implacável por um dos pais.

2. A linguagem da criança repete a linguagem do alienador. É nítido que a criança está repetindo trejeitos e expressões ditas por um adulto e não pensou ou concluiu aquilo sozinha.

3. A criança passa a rejeitar as visitas de um de seus pais. E, quando visita, volta com raiva ou com sentimentos de ódio.

4. A criança não consegue ter ambivalência nos seus sentimentos, são sempre sentimentos de raiva.

5. A criança não demonstra culpa ou nenhum outro sentimento por ter ódio de um dos pais.

Efeitos da alienação parental nas crianças.

Como já dissemos, a alienação parental é uma forma de abuso emocional infantil e o impacto potencial desse abuso na vida de uma criança pode ser devastador.

Alguns dos efeitos frequentemente listados da alienação parental já foram relatados em vários casos de investigação de bem-estar infantil, incluindo:

  • capacidade prejudicada de estabelecer e manter relacionamentos futuros;
  • perda de autoestima da criança;
  • perda de autorrespeito;
  • a evolução da culpa, ansiedade e depressão sobre seu papel na destruição de seu relacionamento com um dos pais, anteriormente amado;
  • falta de controle dos impulsos (a agressividade pode se transformar em comportamento frequente);
  • problemas educacionais, notas baixas e problemas de comportamento na escola.

Diferença entre alienação parental x abandono.

A principal diferença entre alienação parental x abandono, é que quando há um alienador, ele está afastando a criança de propósito de um de seus genitores, criando nela uma sensação de raiva e ódio.

No entanto, quando falamos de abandono parental ou abandono afetivo o que temos é um dos genitores deixando de prover, por vontade própria, seu tempo, carinho, cuidados e atenção para a criança. E no caso do abandono parental há ainda o agravante da total falta de suporte financeiro e/ou emocional para a criança. Ou seja: o genitor não está cumprindo seus deveres de pai.

Apesar de gravíssimo, o abandono paterno infelizmente não é raro. Estima-se que no Brasil, só em 2020, 6% das 1.280.514 crianças nascidas foram registradas apenas com o nome das mães em suas certidões.

Como somos seres vulneráveis desde nascimento, tanto de cuidados físicos, quanto de afeto, precisamos de contato e carinho, e o abandono parental é algo que marca e influencia no crescimento da criança. O psicanalista René Spitz investigou como a separação precoce da criança de sua mãe afeta fortemente a criança, podendo deixá-la doente e depressiva.

Com relação ao afeto, precisamos lembrar que o mundo corrido não deve nos atropelar e deixar de perceber nossas crianças, suas necessidade de atenção e seus pequenos progressos diariamente. Eles precisam dessa presença sempre. E mesmo em meio à rotina de trabalho muito apertada, vale a máxima da qualidade ao invés de quantidade: é muito melhor promover um tempo de qualidade com seu filho, sem nenhuma outra distração, do que nada.

Em suma, a criança deve estar sempre como prioridade sobre os interesses do casal, mesmo que estes possam estar abalados.

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